3 de jun. de 2008

Fisioterapia baseada em evidências – Intervenção/Tratamento - Parte I - A pergunta

Para nós fisioterapeutas, que lidamos diariamente com a saúde das pessoas e aplicamos técnicas na tentativa de obter algum ganho físico ou funcional, é importantíssima a publicação de ensaios clínicos randomizados e mais ainda o nosso senso crítico durante a leitura destes artigos. Tudo pela Fisioterapia baseada em evidência.

É muito provável que não iremos esgotar esse tema com apenas um “post” no blog. Por isso, iremos dividi-lo em algumas partes. Iremos aqui abordar alguns temas importantes como: a pergunta; critérios de recrutamento e alocação dos participantes; cálculo do tamanho da amostra; grupo experimental e grupo controle; co-intervenção e contaminação; intenção de tratamento; mascaramento; desfechos e finalmente questões éticas.

Um dos pontos mais importantes de uma pesquisa é a pergunta. Na realidade é a mais importante. É a partir dela que se forma o delineamento da pesquisa e consequentemente todos os resultados e conclusões. Uma pergunta bem feita, portanto, é fundamental.


“Não é a resposta que nos ilumina, mas sim a pergunta”
Eugene Ionesco




A célebre frase do pai do “Teatro do Absurdo” cai como uma luva na importância da questão clínica. Novos conhecimentos são oriundos de boas perguntas. Mas, e como conseguir uma boa pergunta?

No artigo abaixo, os autores explicam alguns conceitos e dão algumas dicas interessantes.

http://www.icssc.org/Presentations/Whats_a_Pub_Question_Mali_Sep%20_2002.pdf

Entre elas está o clássico “FINER” que significa:

F – Feasible
I – Interesting
N – Novel
E – Ethical
R – Relevant


Essas são as principais características de uma boa questão de pesquisa clínica. Vamos detalhar cada uma delas.
“F” Factível, ou seja, praticável. Ter o número suficiente de pacientes, ter conhecimento sobre o que se pretende estudar e disponibilidade de tempo e dinheiro.
“I” Interessante para o investigador
“N” Novo. Confirmar*, expandir* ou refutar achados anteriores e fornecer novos resultados.
“E” Ética, nem precisa dizer mais nada.
“R” Relevante para o conhecimento científico, para a clínica, para os programas de saúde e direções de pesquisas futuras.
* Devemos sempre usar o bom senso. Confirmar algo que já está mais do que comprovado não faz sentido. Porém, se existem poucos estudos, ou estes são de baixa qualidade, vale a pena sim repetir o mesmo estudo.

Ainda dentro desta linha de pensamento, outros pontos são fundamentais. De acordo com Haynes, para achar uma resposta para um problema importante que ainda não tenha sido resolvido, é necessário conhecer muito sobre o problema e identificar o limite entre o conhecimento atual e a ignorância.

O autor cita ainda um “check list” interessante sobre outros aspectos de uma pergunta.

> Qual o período apropriado para a avaliação?
> A validade interna pode ser realizada? (vamos discutir isso mais pra frente)
> Qual a extensão da validade externa (também veremos mais a frente) conseguida?
> O que as suas circunstâncias permitirão?
> O que você pode gastar?
> Qual é o melhor equilíbrio entre “idéia” e a “prática”?

Neste link vocês encontram o texto completo do Haynes.

http://research.chm.msu.edu/Resources/Forming%20Research%20Questions.pdf

No próximo “post” continuaremos com mais informações sobre fisioterapia baseada em evidências. Até lá.