9 de dez. de 2006

Artigo do Mês – Dezembro 2006

Dando seqüência ao nosso Blog, vamos iniciar a partir de hoje o “Artigo do Mês”.

Serão artigos recém publicados e que tenham relevância com a nossa prática diária. Se alguém quiser sugerir um artigo é só entrar em contato conosco por e-mail, nos comentários ou na comunidade “Compartilhando - Fisioterapia” no Orkut.

Neste Mês o artigo escolhido (por mim mesmo, só pra começar) foi publicado no “Physical Therapy”. Segue o Link para o artigo completo.

http://ptjournal.org/cgi/reprint/ptj.20060006v1

Fisioterapia aquática para pacientes com osteoartrite (artrose) de joelho e quadril. E, pra variar um pouco, foi publicado por um grupo australiano.

Logo na introdução os autores diferenciam Hidroterapia de Fisioterapia aquática. O conceito de Fisioterapia aquática é retirado de um texto que eu mesmo já tinha publicado na comunidade. Segue novamente:

http://apa.advsol.com.au/staticcontent/staticpages/guidelines/hydro_pools.pdf

Eis o conceito: A fisioterapia aquática incorpora avaliação individual, prática baseada em evidências e habilidade de raciocínio clínico para a execução de um plano de tratamento associado ao conhecimento dos princípios de hidrostática, hidrodinâmica e dos efeitos fisiológicos da imersão.

Como o artigo é um ensaio clínico randomizado é importante observar se os autores seguiram as recomendações do CONSORT. Para quem não sabe, o CONSORT foi feito por um grupo com o objetivo de padronizar as características metodológicas de um ensaio clínico randomizado. CONSORT significa: “Consolidated Standards of Reporting Trials” . O primeiro foi feito em 1996 e o atual foi revisado e foi publicado no LANCET em 2001.

O “Download” do artigo pode ser feito na página abaixo:

http://www.consort-statement.org/Statement/revisedstatement.htm

Neste mesmo site, em “explanation” a tabela 2 mostra um “cheklist” prático e rápido.

Voltando ao artigo. Em métodos, estão explicitados os critérios de inclusão e exclusão dos pacientes e onde a amostra foi selecionada. A figura 1 mostra, como exigido pelo CONSORT, a distribuição dos pacientes desde a seleção até o término do estudo, inclusive as perdas.

O grupo intervenção realizou seis semanas de fisioterapia aquática e os pacientes foram avaliados imediatamente antes e após a intervenção. E, houve um seguimento (Follow-up) de seis semanas quando novamente foram avaliados.

Como pede o CONSORT, o processo de randomização foi descrito. A randomização Foi feita em blocos de 4 ou 6 e estratificado para gênero. E, além disso, a distribuição dos grupos foi oculta com a utilização de envelopes opacos e feita por um pesquisador que não sabia sobre os objetivos do estudo. Muito bom!!!

A intervenção (Fisioterapia aquática) foi descrita. Alguns detalhes: grupos de seis pacientes, duas vezes por semana, 45 a 60 minutos de duração, grupo acompanhado por um fisioterapeuta experiente que orientava os pacientes em relação aos exercícios e postura. Na tabela 1 estão todos os exercícios feitos com os pacientes.

O grupo controle não recebeu a fisioterapia aquática. Interessante lembrar que o estatístico não sabia quais eram os grupos.

Os desfechos primários e secundários estão bem detalhados no artigo. São eles: Escala analógica visual de dor e escala de Likert, são os desfechos primários e questionários como WOMAC e PASE, teste de força muscular e equilíbrio e mais dois teste “The Time up and go Test” e “The six-minute walk test” foram os desfechos secundários.

O item sete do CONSORT foi feito, ou seja, o cálculo do tamanho da amostra, assim como a descrição de todo o método estatístico empregado. Inclusive adotando a análise de intenção de tratamento.

Resultados: A tabela 2 mostra que os grupos foram homogêneos, menos na qualidade de vida. As tabelas 3 e 4 mostra dos resultados dos desfechos primários e secundários.

Os autores observaram uma redução na dor e da rigidez articular e melhora na função física, força muscular do quadril e da qualidade de vida. E o mais interessante foi que os benefícios perduraram após seis semanas.

Esse artigo incorpora alguns aspectos que a maioria dos estudos de fisioterapia não tem, como por exemplo, o seguimento do grupo após o término da intervenção, a análise de intenção de tratamento, a randomização e o cálculo do tamanho da amostra. Todos esses são aspectos importantes e não devem faltar em um ensaio clínico.

Algumas críticas que poderiam ter sido feitas não foram necessárias, pois elegantemente os autores fizeram um parágrafo de “mea culpa” na discussão.

É isso, quem tiver dúvidas ou algum comentário sobre o artigo ou sobre o que está escrito aqui, é só comentar.

Abraços a todos.

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